Numa ousada fusão de géneros, o último single de Paula Teles, “Jogo do Silêncio”, funde o metal sinfónico e progressivo com a música tradicional portuguesa. Este blend inovador não resulta de um plano premeditado mas sim de um desenvolvimento orgânico em estúdio com o produtor Jorge Lopes. “Estávamos no estúdio e as ideias começaram a fluir naturalmente”, revela Paula. “Não havia uma regra pré-definida; apenas continuávamos acrescentando fragmentos que fizessem sentido para nós dois. Sempre terei tendência a escrever músicas mais sombrias, baseadas em tons menores. Então, deixei isso acontecer de forma livre e espontânea. .”
Nascida numa aldeia entre o Douro e o Minho, a música de Paula é profundamente influenciada pela cultura rural portuguesa das décadas de 1940 a 1960. Ela conta como a música era uma parte crucial da vida na sua aldeia, usada para aliviar as dificuldades da pobreza extrema sob um regime repressivo. “A música sempre esteve presente, nos trabalhos de campo, nas romarias religiosas e nas noites à beira da lareira. Era uma forma de perpetuar histórias e conectar emocionalmente as pessoas”, explica Paula. Essa intensidade emocional e tristeza traduzida é o que ela busca captar em sua música.
Um aspecto interessante de “Jogo do Silêncio” é a colaboração especial com Bjorn Strid (Soilwork/The Night Flight Orchestra), que, pela primeira vez, canta em português. Paula, fã de longa data, descreve trabalhar com Bjorn como uma honra. “Ele é incrivelmente profissional e, na minha opinião, a melhor voz masculina do metal moderno”, diz ela.
O single investiga as complexidades psicológicas de uma personagem feminina, uma narrativa inspirada nas histórias que a mãe de Paula contou sobre sua infância. “Minha mãe sempre gostou de compartilhar comigo as histórias de sua infância. Foram tantas narrativas e personagens que ficaram na minha memória que acabei juntando todos os seus traços em um único personagem. lembro de ouvir as lembranças de minha mãe.” diz Paula, explicando sua escolha narrativa.
Um dos temas comoventes da canção é a história de um soldado português que nunca regressou da Guerra Colonial, reflectindo uma tragédia da vida real na aldeia de Paula. “Esta é uma história verdadeira. Minha mãe contava sobre uma menina que enlouqueceu porque seu amado nunca mais voltou. Minha aldeia perdeu muitos filhos, irmãos e amantes que foram forçados a lutar em uma guerra da qual nunca mais retornaram. Famílias inteiras sofreram , saudade de receber notícias (boas ou ruins)!”, compartilha Paula.
Quando questionada sobre seu lugar no gênero metal sinfônico, Paula esclarece que “Jogo do Silêncio” não é um projeto típico de metal sinfônico. A sua formação clássica influencia o seu estilo de cantar, e o uso da guitarra portuguesa e de melodias inspiradas no fado distinguem-na. “Este não é um projecto de metal sinfónico. Contudo, como tenho formação clássica, não abdico dessa influência na forma como canto. A presença da guitarra portuguesa, a melodia influenciada pelo fado, e o ambiente melancólico mas intenso são alguns dos dos aspectos que distinguem a minha música”, afirma.
“Jogo do Silêncio” de Paula Teles é uma viagem musical única que homenageia o rico património cultural de Portugal. Com a sua mistura de metal sinfónico e progressivo e elementos tradicionais portugueses, o single irá certamente cativar fãs de bandas como Epica e Nightwish, ao mesmo tempo que oferece algo distintamente próprio.
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